sábado, 30 de abril de 2011

Nero e seus amigos estão entre nós

Posted by Angelo Bazzo on 07:24 | No comments

Agora Hermes Fernandes compara católicos e evangélicos contrários ao aborto com o assassino islâmico do Realengo.

Satanás, o Supremo Culpador, foi o primeiro a se levantar com acusações contra os filhos de Deus. Séculos mais tarde, levantou-se o insano imperador Nero, que mandou incendiar Roma e jogou toda a culpa nos cristãos.

Outros séculos mais tarde, levantou-se o satanista Karl Marx, um ex-protestante, culpando Deus, a família e os cristãos pelos males do mundo.

Hoje, o Supremo Acusador usa não somente gente como Nero e Marx, mas também indivíduos nominalmente cristãos que, embora aleguem desprezar Nero, são amantes de Marx. Entre esses estão líderes católicos e protestantes que usam o Evangelho de Jesus Cristo como mero palanque para as ideias de Marx.
Nas mãos deles, o Reino de Deus é mera fachada para um reino teocrático socialista, onde a ideologia reinista impõe que o evangelho remoldado à imagem e semelhança de Karl Marx reine neste mundo.
Tudo o que se opõe a agenda "reinista" socialista se torna... apostasia.

Até a oposição cristã à agenda do aborto e sodomia atrai a ira dos socialistas, e seus fiéis amantes católicos e protestantes preferem se alinhar com... seus irmãos ideológicos.

Qualquer crime, por mais distante que esteja dos cristãos, se torna pretexto para eles despejarem vingança sobre os cristãos.

No recente episódio do homem simpatizante do islamismo que matou alunos de uma escola do Rio, um líder evangélico progressista (ou reinista, ou marxista, ou socialista, ou o que quer que usem como rótulo) comparou o chacinador do Rio aos cristãos católicos e evangélicos que lutam contra o aborto.
Em outro texto, em seu rotineiro raciocínio envenenado de malícia ideológica enfeitada com cobertura de "amor cristão", o evangélico reinista, que é um bispo anglicano, declara sobre o aborto:
"Quem pensa, por exemplo, que proibindo o aborto vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. As clínicas clandestinas agradecem qualquer tentativa de impedir que o aborto seja regularizado no País."

Vindo de uma pessoa comum, essa é uma declaração irresponsável e estúpida. Mas vindo de um bispo anglicano, dá para dizer que são palavras inocentes e puras?

Essa esquizofrênica ginástica linguística tem a cara do que Lula disse certa vez: "Sou contra o aborto, mas a favor de sua legalização".

Essa esquizofrênica ginástica linguística tem também a cara de Caio Fábio, que diz que é contra o aborto, mas aconselha sua prática - incoerência igualmente manifesta nas opiniões e aconselhamentos dele sobre a homossexualidade. Não por coincidência, os dois são destaque no tabloide sensacionalista Genizah.

A questão fundamental é que o aborto propositado é homicídio. Meu amigo Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, que é formado em direito e reconhecido líder pró-vida católico, disse sobre a ideia do bispo anglicano: "A pessoa tem um valor intrínseco, uma dignidade pelo simples fato de ser pessoa. A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF). Assim, o que importa não é saber se o número global de abortos vai diminuir através de sua 'legalização'. O que importa é saber se este indivíduo humano no ventre desta mulher estará ou não protegido se o aborto for 'regularizado'".

O evangélico "reinista" pode ter tentado esconder suas intenções, mas as implicações óbvios de seu raciocínio são fáceis de captar, se aplicarmos a "lógica" dele a outras situações igualmente horrendas:
"Quem pensa, por exemplo, que proibindo o estupro vai coibir o avanço desta prática nefasta, está
equivocado.

Os estupradores clandestinos agradecem qualquer tentativa de impedir que o estupro seja regularizado no País."

"Quem pensa, por exemplo, que proibindo o homicídio vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. Os assassinos clandestinos agradecem qualquer tentativa de impedir que o homicídio seja regularizado no País."

"Quem pensa, por exemplo, que proibindo a pedofilia vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. Os pedófilos clandestinos agradecem qualquer tentativa de impedir que a pedofilia seja regularizada no País."

Já refutei detalhadamente esse tipo de pensamento no meu artigo sobre uma líder evangélica que atacou o ativismo cristão contra o PLC 122 e o "casamento" homossexual. Essa líder hoje escreve, juntamente com ele, no tabloide sensacionalista Genizah.

A incoerência e o paradoxo dominam as palavras do bispo anglicano, que aparentando ser contra o aborto, mostra nítida indiferença para sua legalização. No mesmo fôlego, ele mostra favoritismo por ideias socialistas e finge não ter simpatia por Marx. E numa carta de alegado amor cristão, ele conseguiu dizer que não faz uso de jargões, e ao mesmo tempo insultou o filósofo Olavo de Carvalho. Ele é medalha de prata em esquizofrênica ginástica linguística, perdendo apenas para seu colega Caio Fábio.

E sobre o PLC 122? O bispo anglicano Hermes Fernandes ri como se os cristãos que estão lutando contra a agenda gay estivessem sofrendo de uma paranoia.

Mas no lugar dele, eu estaria chorando. A Igreja Anglicana está se demolindo com o avanço da agenda gay em seu meio, tendo já ordenado bispos gays e lésbicos. E seus representantes mais "conservadores", como Robinson Cavalcanti, bispo anglicano brasileiro, estão no fundo do poço das contradições. Cavalcanti, por exemplo, fundou o Movimento Evangélico Progressista, que ajudou a colocar Lula no poder anos atrás. Por sua vez, Lula colocou a agenda gay no pedestal durante seu governo. Mesmo no final de seu mandato, Lula, o campeão dos ativistas gays e dos cristãos progressistas, deu numerosos presentes aos ativistas gays.

Hoje, o bispo Hermes, que mora nos EUA, é um fervoroso apoiador, com sua típica e esquizofrênica ginástica linguística, de Dilma Rousseff e Barack Obama, ambos adeptos da religião marxista do aborto e sodomia. Culpar Dilma e Obama pela promoção dessa religião na sociedade brasileira e americana? Isso é algo que o bispo anglicano não sabe fazer. Ele só foi adestrado para culpar os cristãos conservadores.

Opondo-se ou não à agenda do aborto e sodomia, o que os evangélicos progressistas fazem e dizem acaba cooperando para o avanço da agenda socialista, ainda que jurem não querer nada com o socialismo. Entre os muitos cooperadores estão Ariovaldo Ramos, que viajou à Venezuela para dar apoio ao ditador marxista Hugo Chávez, e Caio Fábio, que confessou que durante anos trabalhou para aproximar os evangélicos de Lula e do PT. Outros famosos socialistas evangélicos do Brasil são: Ricardo Gondim, Paul Freston e Ed Rene Kivitz.

Eles provocam incontáveis estragos à divulgação do Evangelho, ao pervertê-lo e colocá-lo a serviço de uma ideologia que nada tem a ver com Jesus Cristo. Cada tentativa de se implantar um reino humano dessa ideologia trouxe a manifestação do reino das trevas: matanças, genocídios, mentiras, destruição e horrenda perseguição aos verdadeiros seguidores de Jesus Cristo.

Quando a sociedade é destruída pelas chamas de sua ideologia, como Nero os marxistas já sabem em quem jogar a culpa: os cristãos conservadores pró-vida e pró-família, que têm de sofrer também os dedos incriminadores de católicos e evangélicos progressistas.

Se dissermos que esse é o espírito de Nero entre os cristãos, os "reinistas" prontamente negarão, dizendo: "Preferimos Rubens Alves!" ou "Preferimos Frei Betto!" ou "Preferimos qualquer outro descendente religioso de Marx!" ou, bem no estilo da esquizofrênica ginástica linguística, "Preferimos o melhor de todos eles!"

Não importa. No final, dá tudo no mesmo.

Júlio Severo.
Fonte http://www.midiasemmascara.org/artigos/aborto/12011-nero-e-seus-amigos-estao-entre-nos.html

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Quem é Olavo de Carvalho ?

Posted by Angelo Bazzo on 07:17 | No comments

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Informações sobre Olavo de Carvalho - 1

DADOS BIOGRÁFICOS

Olavo de Carvalho, nascido em Campinas, Estado de São Paulo, em 29 de abril de 1947, tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Homens de orientações intelectuais tão diferentes quanto Jorge Amado, Arnaldo Jabor, Ciro Gomes, Roberto Campos, J. O. de Meira Penna, Bruno Tolentino, Herberto Sales, Josué Montello e o ex-presidente da República José Sarney já expressaram sua admiração pela sua pessoa e pelo seu trabalho.
A tônica de sua obra é a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia "científica". Para Olavo de Carvalho, existe um vínculo indissolúvel entre a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual, vínculo este que se perde de vista quando o critério de validade do saber é reduzido a um formulário impessoal e uniforme para uso da classe acadêmica. Acreditando que o mais sólido abrigo da consciência individual contra a alienação e a coisificação se encontra nas antigas tradições espirituais — taoísmo, judaísmo, cristianismo, islamismo —, Olavo de Carvalho procura dar uma nova interpretação aos símbolos e ritos dessas tradições, fazendo deles as matrizes de uma estratégia filosófica e científica para a resolução de problemas da cultura atual. Um exemplo dessa estratégia é seu breve ensaio Os Gêneros Literários: Seus Fundamentos Metafísicos, onde se utiliza do simbolismo dos tempos verbais nas línguas sacras (árabe, hebraico, sânscrito e grego) para refundamentar as distinções entre os gêneros literários. Outro exemplo é sua reinterpretação dos escritos lógicos de Aristóteles, onde descobre, entre a Poética, a Retórica, a Dialética e a Lógica, princípios comuns que subentendem uma ciência unificada do discurso na qual se encontram respostas a muitas questões atualíssimas de interdisciplinariedade (Uma Filosofia Aristotélica da Cultura — Introdução à Teoria dos Quatro Discursos). Na mesma linha está o ensaio Símbolos e Mitos no Filme "O Silêncio dos Inocentes" ("análise fascinante e — ouso dizer — definitiva", segundo afirma no prefácio o prof. José Carlos Monteiro, da Escola de Cinema da Universidade Federal do Rio de Janeiro) que aplica a uma disciplina tão moderna como a crítica de cinema os critérios da antiga hermenêutica simbólica. Sua obra publicada até o momento culmina em O Jardim das Aflições (1995), onde alguns símbolos primordiais como o Leviatã e o Beemoth bíblicos, a cruz, o khien e o khouen da tradição chinesa, etc., servem de moldes estruturais para uma filosofia da História, que, partindo de um evento aparentemente menor e tomando-o como ocasião para mostrar os elos entre o pequeno e o grande, vai se alargando em giros concêntricos até abarcar o horizonte inteiro da cultura Ocidental. A sutileza da construção faz de O Jardim das Aflições também uma obra de arte.
É grande a dificuldade de transpor para outra língua os textos de Olavo de Carvalho, onde a profundidade dos temas, a lógica implacável das demonstrações e a amplitude das referências culturais se aliam a um estilo dos mais singulares, que introduz na ensaística erudita o uso da linguagem popular — incluindo muitos jogos de palavras do dia-a-dia brasileiro, de grande comicidade, praticamente intraduzíveis, bem como súbitas mudanças de tom onde as expressões do sermo vulgaris, entremeadas à linguagem filosófica mais técnica e rigorosa, adquirem conotações imprevistas e de uma profundidade surpreendente.
A obra de Olavo de Carvalho tem ainda uma vertente polêmica, onde, com eloqüência contundente e temível senso de humor, ele põe a nu os falsos prestígios acadêmicos e as falácias do discurso intelectual vigente. Seu livro O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras (1996) granjeou para ele bom número de desafetos nos meios letrados, mas também uma multidão de leitores devotos, que esgotaram em três semanas a primeira edição da obra, e em quatro dias a segunda.
Contrastando com a imagem de rancoroso ferrabrás que seus adversários quiseram sobrepor à sua figura autêntica, Olavo de Carvalho é reconhecido, entre quem desfruta de seu convívio, como homem de temperamento equilibrado e calmo mesmo nas situações mais difíceis, e como alma generosa capaz de levar às últimas conseqüências, mesmo em prejuízo próprio, o dom de amar, socorrer e perdoar.

Roxane Andrade de Souza
http://www.olavodecarvalho.org

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Bestas feras na Universidade de Yale: o que dá para se esperar?

Posted by Angelo Bazzo on 06:48 | No comments

As moças na Universidade de Yale descobriram que não conseguem viver com a cosmovisão freudiana pós-moderna sexualmente devassa. Não funciona. Leva ao caos moral.

(Breakpoint.org/Notícias Pró-Família) - Por algum tempo agora, venho lhes dizendo que a cosmovisão cristã é a única cosmovisão que nos fornece um jeito racional de viver no mundo. É a única cosmovisão com a qual podemos viver.
Não podemos simplesmente viver com as consequências lógicas de outras cosmovisões como o naturalismo secular, a 'nova era' ou o freudismo.
E graças ao noticiário diário, nunca tenho falta de material para usar como prova disso. Um grupo de estudantes majoritariamente do sexo feminino está processando a Universidade de Yale por permitir a existência de um "ambiente sexualmente hostil" no espaço universitário.
As mulheres, é claro, têm um argumento forte. Afinal, quando rapazes da universidade têm liberdade de desfilar no espaço universitário entoando "Não Significa Sim" ou portar cartazes que dizem "Amamos as Putas de Yale", imagino que dá para se dizer que é um ambiente sexualmente hostil.
Mas posso fazer uma pergunta? O que deveria se esperar?
Essa conduta intimidatória e nojenta na Yale - e em muitas universidades - é um exemplo clássico do impasse pós-moderno. Por aproximadamente 50 anos, o ambiente acadêmico, o movimento feminista e a sociedade pós-moderna adotaram a liberdade sexual como a virtude suprema.
E as feministas lideraram o caminho. Elas queriam controlar seus corpos; ser livres de todas as consequências da licenciosidade sexual.
Olha, imagine só o que aconteceu. Quando promovemos licenciosidade sexual - principalmente em espaços universitários -, o que obtemos no final? Não há dúvida: licenciosidade sexual. Aprovamos e incentivamos condutas imorais, e então ficamos surpresos quando os rapazes não se portam como cavalheiros? Tá brincando comigo?
E quanto a Yale... O que mais daria para se esperar numa universidade quando anualmente patrocina um evento para todo o espaço acadêmico chamado "Semana do Sexo", em que os estudantes têm a oportunidade de participar de seminários sobre práticas sexuais, apresentações realizadas por profissionais do sexo e um monte de filmes pornôs?
Como aparte: Pais, antes de mandarem sua filha para estudar numa universidade, pesquisem para verificar como é a vida no espaço universitário. Por que enviar sua filha para uma universidade que promove tal promiscuidade sexual?
Mas vamos voltar ao que estou tentando dizer: As moças na Universidade de Yale descobriram que não conseguem viver com a cosmovisão freudiana pós-moderna sexualmente devassa. Não funciona. Leva ao caos moral.
Onde você acha que tais estudantes encontrariam um ambiente mais seguro e agradável? Talvez numa instituição que ainda tenha apego à cosmovisão judaico-cristã e aos princípios éticos que moldaram a civilização ocidental. A visão cristã acerca do sexo promove intimidação, assédio e condutas selvagens como as que estamos vendo na Universidade de Yale, ou promove virtude moral e ética?
Olha, deve ser óbvio. Todas as cosmovisões não são iguais. No entanto, é polêmico dizer isso na era relativista em que estamos. Mas examine qualquer cosmovisão específica, siga-a até suas conclusões lógicas e você descobrirá se dá para viver com suas consequências.






Publicado com a permissão de Breakpoint.org

Tradução: Julio Severo
Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/yahoos-at-yale-what-did-you-expect

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

JOHANNES TAULER (1300-1361)

Posted by Angelo Bazzo on 06:50 | No comments


Johannes Tauler foi discípulo de Eckhart e dominicano como ele. Tauler representa o pólo eminentemente moral diante do predomínio da especulação metafísica daquele e do elemento afetivo de Suso. No pensamento e doutrina de Tauler é fácil encontrar elementos platônicos e neoplatônicos, sem esquecer outros procedentes de Santo Alberto Magno e de Santo Tomás. Tauler é um pregador e um místico interessado mais pela mística do que pela filosofia e pela razão.

Nascido em Estrasburgo, em 1300, ingressou no convento dominicano dessa cidade em 1318 e depois foi para o Studium generale de Colônia, onde realizou seus estudos. Foi aí que encontrou provavelmente o mestre Eckhart. Quase toda a sua vida transcorreu em Estrasburgo, onde se dedicou ao ensino e, em especial, à pregação. Não escreveu nenhuma obra. De seus famosos sermões, que vários ouvintes colocaram por escrito, somente 81 são considerados autênticos. Consideram-se apócrifos os tratados que lhe foram atribuídos, como As instituições divinas; Medulla animae; As 10 cegueiras espirituais etc.Na mística se manteve na linha de Eckhart, mesmo depois da condenação de várias proposições deste, em 1329. Obedece uma linha tomista, mas com ressonâncias do neoplatonismo de Porfírio e Proclo. Sua mística é orientada para a Ética. Foi intimamente associado aos líderes de um movimento místico novo chamado "os Amigos de Deus", que dedicavam-se a espalhar os ensinamentos de Eckhart.
Johannes Tauler faleceu em 1361.

Sobre o plano da doutrina eckhartiana da união da alma com o uno, Tauler constrói sua doutrina da “essência da alma”, a qual também chama, “união íntima da alma” e “reduto inominável”, como é o próprio Deus. Nessa essência, para além da própria essência da alma, reinam um silêncio e um repouso perpétuos, sem imagens, sem conhecimentos, sem ação, em pura receptividade em relação com a luz divina. Tal é a concepção mística de Tauler, baseada na possibilidade de retorno de uma alma criada por Deus à sua idéia incriada em Deus.

— No pensamento de Tauler ocupa um lugar central a teoria do Gemüt ou disposição estável da alma, que condiciona a atuação de todas as suas faculdades. É o coração ou a tendência original do homem enquanto filho de Deus, sua aspiração absoluta ao bem absoluto. É como uma agulha magnética que se volta, infalivelmente, para o norte. O homem pode desviá-la, mas jamais mudar sua tendência original. Está presente em todo homem e não se extingue em nenhum ser humano, nem sequer nos condenados.

— Sendo o Gemüt a atitude estável e permanente da alma com sua própria essência, deve transformar-se de impulso vago em consciência luminosa do fim, libertando-se de pensamentos, desejos e afetos até conseguir o pleno desprendimento de tudo. Esse impulso, tendência, coração, ímã que é o Gemüt deve tornar-se liberdade absoluta, desprendimento, respeito pelas criaturas, para transformar-se em liberdade absoluta no caminho que leva a Deus.

— O processo de retorno a Deus acontece em três etapas: o amor doce, o amor sábio e o amor forte. Nesse caminho, a alma despoja-se de sua condição de criatura e identifica-se na “essência” com o próprio Deus. “Perde-se em Deus e mergulha no mar sem fundo da divindade”. A alma pode, então, entregar-se completa e confiadamente a Deus. Isso não quer dizer que Tauler afirme, como se disse, que a alma se torne divina, idéia na qual tanto insistiu seu mestre Eckhart.

A influência de Tauler é notável na história da espiritualidade cristã e particularmente notável é a que exerceu sobre Lutero. Este sentia uma profunda estima por Tauler, cujas obras utilizava com freqüencia, anotando-as pessoalmente. Dele tomou uma espiritualidade profunda, uma imensa confiança na misericórdia divina, a convicção da própria incapacidade e o desprezo pelas próprias ações. Mas Lutero acabou por interpretar à sua maneira alguns textos de Tauler, que em seu contexto original tinham um significado muito diverso.

PENSAMENTOS DE JOHANNES TAULER

"Então somos abandonados de tal forma que já não temos conhecimento de Deus e caímos em tal angústia que não sabemos se estivemos no caminho justo, nem sabemos já se Deus existe ou não, ou se nós mesmos estamos vivos ou mortos. De sorte que sobre nós cai uma dor tão estranha que nos parece que todo o mundo em sua extensão nos oprime. Já não temos nenhuma experiência nem conhecimento de Deus, e inclusive todo o demais nos parece repugnante, de forma que nos parece estar prisioneiros entre dois muros".

"Como o girassol eternamente a voltar-se para o poderoso Sol, com a fidelidade da constânciaseguindo apenas um - assim faça de mim, Senhor, para consigo".

"Honramos e glorificamos Seu mistério inefável com a sagrada reverência e o silêncio".

"Deus é infinito, sem fim, mas o desejo da alma é um abismo que não pode ser preenchido a não ser por um Bem que seja infinito; e quanto mais ardentemente a alma ansiar por Deus, mais desejará estar com Ele, pois Deus é um Bem sem desvantagens e um poço de águas vívidas sem fundo; e a alma é feita à imagem de Deus e, portanto, foi criada para conhecer e amar Deus."

“Senhor, é tua graça e teu amor que capacitam meu coração a crer, a esperar e a amar. Posso ir a teu encontro e abraçar-te como meu verdadeiro amigo. Posso confiar em ti, meu bondoso Pai. Tu és um mar de graça, de consolo e amor”

"Que disse Nosso Senhor a Zaqueu? 'Desce depressa'. Tu deves descer, não deves reter uma única gota de consolação de todas as tuas impressões na oração, mas descer no teu puro nada, na tua pobreza, na tua impotência... Se te resta ainda algum elo da natureza, desde que a verdade te deu alguma luz, tu ainda não a possuis, ela não se tornou um bem teu; natureza e graça trabalham ainda juntas, e tu não chegaste ao abandono perfeito...; isso ainda não é a pureza plena. É por isso que Deus convida um tal homem a descer, quer dizer que ele o chama a uma renúncia plena, a um plenodesprendimento da natureza, em tudo o que ela possui ainda algo de seu."

"Ninguém sabe melhor o verdadeiro sentido da distinção (diferença) do que aqueles que entraram na unidade."

"Que mais pode fazer para nós que não haja feito? Abriu seu mesmo Coração para nós, como o quarto mais secreto donde conduz nossa alma, sua noiva eleita. Porque é seu gozo estar conosco em silencio e paz, para repousar-se ali conosco... Nos deu seu Coração ferido para que residamos ali, completamente purificados e sem mancha, até que sejamos semelhantes a seu Coração, feitos capazes e dignos para ser conduzidos com Ele ao Coração divino de seu Pai... Nos dá seu Coração completamente, para que seja nossa habitação. Por isso deseja nosso coração em troca, para que seja sua habitação".

"Todos os homens buscam a paz. Por todo o lado, nas suas obras e de todas as maneiras, procuram a paz. Ah! Pudéssemos nós libertar-nos dessa busca e procurarmos, nós, a paz, no tormento. Só aí nasce a verdadeira paz, aquela que permanece e dura... Procuremos a paz na angústia, a alegria na tristeza, a simplicidade na multiplicidade, a consolação na contrariedade; é assim que nos tornaremos verdadeiras testemunhas de Deus".

"A alma suporta dentro de si uma centelha, um fundamento, cuja sede Deus todo-poderoso não pode satisfazer, a não ser dando-se a si mesmo. Se Ele tivesse que dar à alma o espírito das forma de todas as coisas que criou no céu e na terra, então isto não seria suficiente e não poderia satisfazer sua sede, que a alma possui por sua natureza".

"Não é certo que Nosso Senhor declarou: 'Uma só coisa é necessária'? Qual é então essa única coisa que é necessária? A única coisa necessária é que reconheças a tua fraqueza e a tua miséria. Tu nada podes reivindicar; por ti mesmo, nada és".

"Qual é, então, o caminho mais curto, que conduz a verdadeira luz? Eis tal caminho: renunciar verdadeiramente a si mesmo, amar e não ter em vista senão só Deus […], não querer em coisa alguma o próprio interesse, mas desejar e procurar somente a honra e a glória de Deus, esperar tudo imediatamente de Deus e, sem desvio nem intermediário, a Ele remeter todas as coisas, venham de onde vierem, a fim de que haja entre Deus e nós um fluxo e um refluxo imediatos. Eis o verdadeiro caminho, o caminho reto."
Fonte : http://coracaomistico.blogspot.com/2008/01/johannes-tauler-1300-1361.html

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